Os projetos do Complexo Hidrelétrico do Tapajós
preveem a implantação de cinco hidrelétricas nos rios Tapajós e Jamanxim: São
Luiz de Tapajós, Jatobá, Cachoeira dos Patos, Jamanxim e Cachoeira do Caí, que
afetarão os estados do Pará e Amazonas. Caso sejam construídas, as barragens
afetarão centenas de quilômetros de áreas de proteção ambiental e unidades de
conservação, comunidades ribeirinhas e terras indígenas.
O IBAMA, ANEEL, a ELETRONORTE e a ELETROBRÁS já
deram início aos procedimentos e estudos para a implantação da maior usina do
projeto, a UHE São Luiz do Tapajós que, segundo as informações do pedido de
licenciamento, terá 3,4 mil metros de comprimento, 33 turbinas e uma área de
reservatório de 722 quilômetros quadrados e 117 quilômetros de comprimento. Esta
barragem afetará diretamente as Terras Indígenas demarcadas Munduruku e Sai
Cinza situadas a montante de Jacareacanga.
O Ministério Público Federal do Pará, em diálogo
com o Movimento Tapajós Vivo, pediu hoje à Justiça Federal de Santarém que suspenda o licenciamento da usina hidrelétrica de São Luiz doTapajós. O processo de licenciamento está sendo tocado de forma irregular,
passando por cima dos direitos fundamentais das populações que se encontram na
área de influência da usina, sem consulta prévia a esses povos indígenas e
comunidades ribeirinhas e sem que fossem cumpridas etapas legais do
licenciamento.
Cachoeira de São Luiz do Tapajós |
A consulta prévia é um direito garantido pela
convenção 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário e, de forma resumida,
consiste no direito de os povos indígenas serem consultados, de forma livre e
informada, antes de serem tomadas decisões que possam afetar seus bens ou
direitos e de influenciar efetivamente no processo de tomada de decisões
administrativas e legislativas que lhes afetem diretamente. Essas consultas
devem ser feitas antes que se inicie qualquer ação nesses territórios, mas no
caso da UHE São Luiz do Tapajós, já existem estudos em estágio avançado dentro
de terras indígenas demarcadas e comunidade ribeirinhas sem que nada disso tenha sido feito.
Na comunidade de Pimental, que também será afetada
pela hidrelétrica caso essa seja implantada, já houveram conflitos entre
moradores e pesquisadores contratados pelas empreiteiras quando estes entraram
na comunidade para realizar estudos sem a autorização dos comunitários. A mesma
coisa acontece nas terras indígenas Munduruku e Sai Cinza que atualmente vivem
sob constante assédio dos grupos contratados pelos empreendedores e, por vezes
tem suas terras invadidas por estes grupos. Além disso, o anúncio da construção
da primeira hidrelétrica já está causando um aumento de casos de invasões de
grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais nas terras indígenas.
As Avaliações Ambientais são etapas do
licenciamento ambiental necessários para que se tenha a real compreensão dos
impactos que as grandes obras causam ao meio ambiente e, consequentemente, os
impactos sociais e econômicos associados. Como a UHE São Luiz é parte de um
projeto maior que visa construir um complexo hidrelétrico, é necessário que se
façam as Avaliações Ambientais Integrada (AAI) e Estratégica (AAE) para “calcular”
os impactos cumulativos causados por sucessivos barramentos do rio.
Se forem construídas as barragens previstas, o Rio
Tapajós irá se transformar numa sequência de lagos e paredões de concreto, alagando
várias comunidades e áreas indígenas, alterando o modo de vida de toda a
população da região que depende direta ou indiretamente do rio e causando danos
irreversíveis ao meio ambiente. São essas as Avaliações Ambientais que o MPF
cobra através da ação assinada pelos procuradores da República Fernando Alves
de Oliveira Jr., Felipe Bogado e Luiz Antônio Amorim Silva.
Veja a íntegra da ação aqui
Veja a íntegra da ação aqui
A luta está só começando!
Após a ação ter sido encaminhada à Justiça Federal,
representantes do Movimento Tapajós Vivo em Santarém se reuniram com os
procuradores para esclarecer dúvidas sobre a ação.
O Ministério Público Federal é um importante aliado
na luta em defesa do Rio Tapajós e dos interesses coletivos dos povos da
Amazônia em geral, mas as ações judiciais são somente um instrumento nessa
luta. É fundamental que haja pressão popular e um povo informado e consciente
de seus direitos, por isso, informe-se sobre os projetos que estão sendo
implantados e planejados para a nossa região, seus objetivos, consequências,
vantagens e desvantagens e, se achar que deve, se junte a nós nessa luta!
Tapajós
Vivo para Sempre!
Com informações dos parceiros do MPF PA e do Blog da minha amiga e grande lutadora Telma Monteiro
Com informações dos parceiros do MPF PA e do Blog da minha amiga e grande lutadora Telma Monteiro
Parabéns por esta primeira postagem do blog. É digna de ser a primeira. Xingu e Tapajós, vivos para sempre. Mauricio. Comitê Xingu Vivo/Belém.
ResponderExcluirParabéns Mel, que teu blog seja mais uma das ferramentas na luta contra as barragens e em defesa da vida na Floresta.
ResponderExcluirRios vivos e livres para sempre.
Bjs.
Marquinho Mota - Comitê Xingu Vivo/FAOR
Obrigada gente. Pode ter certeza que a luta de vocês sempre me serviu de exemplo e me ajuda a continuar na luta sempre.
ResponderExcluirSeguiremos na luta seja no Xingu ou no Tapajós. Podem contar comigo!
Beeeeeeeeeeeijos
Excelente o blog Mel!
ResponderExcluirBonito e com postagens de qualidade!
"O proletariado tem como única arma, na sua luta pelo poder, a organização".
Lênin
Luta sempre!