“A ampliação dos
projetos de mineração e hidrelétricos na região Norte estão imbricados no
interior da mesma lógica perversa que quer fazer do Brasil um país exportador
de matéria-prima barata, como minérios e energia, e que deixa nas regiões
somente pobreza e desgraças”, assinala o geógrafo
“As
notícias de que estamos vivendo, no Pará e na Amazônia como um todo, uma
espécie de corrida pelo ouro me deixa muito preocupado. Isso porque ela tem uma
repercussão social bastante significativa numa região onde o imaginário do ouro
como possibilidade de ascensão social ainda é muito vivo”. A declaração é do
geógrafo Luiz
Jardim, que estuda as transnacionais de mineração na Amazônia e
os conflitos sociais gerados entre as empresas e os moradores da região. Na
entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Jardim ressalta
que o “ouro ‘fácil’” extraído nos anos 1980 em regiões como Serra Pelada,
Itaituba, rio Madeira e em Roraima “não existe mais e para se extrair o ouro é
necessário investir altos valores em dinheiro para custear as máquinas e os
insumos”. As regiões em que as extrações foram retomadas, esclarece, “estão
repletas de retroescavadeiras que substituíram grande parte da mão de obra,
fazendo em 40 horas o que os homens levavam 40 dias. Trata-se, portanto, mais
de um aumento da produção produzido por uma maior quantidade de capital
investimento na atividade aurífera do que uma corrida descoordenada de pessoas
em busca do el dorado”.
Segundo
ele, a valorização das commodities minerais no mercado financeiro-especulativo
explica a atuação de empresas transnacionais no Brasil e o incentivo do governo
brasileiro ao setor, que “está totalmente ligado ao mercado internacional,
tanto no que se refere ao valor do minério como ao mercado consumidor de
matéria-prima”. Jardim critica
a “perversidade do modelo minero-exportador” brasileiro, por estar “voltado
para o interesse de lucratividade das grandes corporações e de consumo dos
mercados internacionais tradicionais ou emergentes, e não para atender aos
interesses nacionais”. Ao comentar o Código Mineral proposto pelo governo
federal, o geógrafo diz que é fundamental modificar o modelo
extrativista e sua lógica de exploração. “Esse momento deveria ser de
amplo e democrático debate para se decidir coletivamente sobre os rumos e
interesses sobre o território nacional e seus recursos minerais, enquanto a
necessidade de extração e a velocidade de sua exaustão dos recursos”, reitera.
Luiz Jardim é bacharel e mestre em Geografia pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro – UFRJ, com a dissertação intitulada Conflitos e Movimentos Sociais
Populares em Área de Mineração na Amazônia Brasileira. Cursa
doutorado na mesma universidade, onde integra o Grupo de Pesquisa de Geografia
da Mineração, no Departamento de Geografia. Confira a entrevista.
IHU
On-Line – Como
a mineração é desenvolvida no Brasil? Quais as implicações ambientais do
extrativismo mineral?
Luiz Jardim – Existem vários tipos de mineração no Brasil. Há o que se
chama grande
mineração, que constantemente aparece nos jornais e na
televisão, desenvolvida por grandes corporações transnacionais
como Vale, Alcoa, Alcan, Anglo-American,Yamada etc., que
necessita de elevados montantes de capital investido e que constrói grandes
estruturas essenciais para seu funcionamento, com grandes minas, ferrovias, estradas,
parques industriais, hidrelétricas, minerodutos, company-towns etc.; há a
chamada média
mineração, praticada por empresas nacionais e estrangeiras de
menor porte com minas e produção um pouco menores; e há a chamada pequena mineração, que
pode ser legal ou ilegal, formal ou informal, mecanizada ou artesanal,
dependendo da situação, mas que pode ser conduzida por pessoas físicas,
empresas ou cooperativas. Porém, cabe ressaltar que grande parte da produção e
dos investimentos estão fortemente concentrados nas grandes corporações e, em
particular, na Vale do Rio Doce, que detém mais de 50% de todo valor da
produção mineral no Brasil (dados do DNPM para 2009).
Quanto
aos efeitos ambientais, estes são imensuráveis. Não existe qualquer
levantamento, estudo ou controle que estime os impactos ambientais e sociais da
mineração no Brasil. Em 2009, contabilizava-se 3.370 minas em todo o país, mais
de 70% de pequeno porte. Existe mineração em todas as unidades da federação. A
maior quantidade das minas está em São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Os
defensores da mineração gostam de destacar seus “pequenos” impactos ambientais,
se comparado a outras atividades como a pecuária ou a agricultura extensiva,
que desmatam grandes extensões de áreas. No entanto, mais de 3 mil minas
produzem um impacto acumulativo incalculável no Brasil na atualidade. Além
disso, as minerações em grande parte afetam áreas primordiais para os
ecossistemas, como topo de morros, margens de rios e lençóis freáticos. Sem
esquecer que muitas ocorrem em locais de grande biodiversidade ainda
preservada.
Há
ainda que se colocar na contabilidade das atividades minerais e das empresas
todos os impactos dos aparatos de infraestrutura construídos para viabilizar os
empreendimentos. As empresas gostam de ressaltar que “os minérios não têm
valor, enquanto estão de baixo da terra”. Da mesma forma podemos afirmar que
não existe mineração sem um aparato de infraestrutura para extrair, transportar
e transformar o minério. Está tudo interligado e os impactos têm que ser
contabilizados conjuntamente como impacto da mineração. Não só os impactos
sobre os ecossistemas, mas também sobre as populações direta e indiretamente
atingidas pela mineração e seu aparato, desde a pesquisa mineral até depois do
fechamento da mina.
IHU On-Line – O
extrativismo mineral na Amazônia aumentou significativamente na última década.
A que atribui essa expansão do setor, especialmente na região?
Luiz
Jardim – O setor da mineração está totalmente ligado ao mercado
internacional, tanto no que se refere ao valor do minério como ao mercado
consumidor de matéria-prima. Nas últimas duas décadas houve
uma valorização constante das commodities minerais no mercado
financeiro-especulativo, reflexo, mais não só, do aumento de consumo de
matéria-prima nos países ricos e nos países emergentes – leia-se China e Índia
principalmente. Essa valorização faz com que áreas menos acessíveis como a
Amazônia, com pouca ou nenhuma infraestrutura, se tornem viáveis economicamente
para exploração, mesmo demandando altos investimentos. Por outro lado, os altos
preços e a tecnologia existente permitem explorar minas antes consideradas
improváveis.
Sem
dúvida, a Amazônia é ainda uma fronteira a ser explorada pelo capital
minerador. Há muito a ser pesquisado e descoberto pelos geólogos na região, os
quais podem vir a encontrar grandes e importantes jazidas. A região se encontra
protegida por inúmeras unidades de conservação e terras indígenas que
impossibilitam a atividade mineral legalizada. Mesmo assim quase não se
encontram áreas sem requerimentos minerais na região. Os interessados
acreditam, e assim estão agindo politicamente, na liberação dessas áreas. Sendo
assim, estima-se um crescimento ainda maior da mineração no Brasil e na região
amazônica para os próximos vinte anos, como indica o Plano Nacional de
Mineração 2030.
IHU On-Line – Quais
são os efeitos das transnacionais da mineração e hidrocarbonetos na Amazônia?
Luiz
Jardim – Existem muitas empresas de mineração no Brasil, mas vivemos numa
espécie de monopólio da Vale.
Monopólio esse conquistado nos tempo em que ela era estatal e sustentada por um
discurso empresa legitimamente brasileira. Com se isso a fizesse menos
predadora ou mais responsável. Pelo contrário! A Vale do Rio Doce controla
mais de 50% da produção nacional de minério e também é a mineradora campeã em
multas junto aos órgãos ambientais, totalizando mais de 37 milhões em multas
(segundo reportagem da revista Piauí disponível
emhttp://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-6/esquina/a-vale-e-verde). Ela
também possui denúncia de sonegação fiscal e outras muitas denúncias.
Devemos
lembrar que existem outras grandes mineradoras de capital nacional e
transnacional no Brasil. Dentre as transnacionais temos a Samarco, que tem
controle brasileiro e australiano; a australiana Bhpbillinton; a
Canadense Yamada
Gold; a inglesa Anglo
America; a canadense Kinross; a sul-africana Anglogold; a
Americana Alcoa,
dentre outras. São todas grandes empresas que vigoram entre as maiores do mundo
e que possuem uma pequena parcela da produção mineral nacional, sempre com
grandes minas, robustas infraestruturas e elevados impactos socioambientais.
O
impacto das empresas transnacionais só não é mais expressivo por conta do
grande controle e apropriação das áreas de mineração pela Vale. Na Amazônia
existem grandes projetos de mineração conduzidos por transnacionais, como a
extração de bauxita da Alcoa em
Juruti no Pará, de Ferro da Anglo-America no
Amapá, e de Caulim da francesa Imerys,
e está em implantação uma grande mina de ouro em Serra Pelada da
canadense Colossus em
associação com a cooperativa Comigasp.
Mesmo assim, a maior parte dos grandes projetos de mineração na Amazônia é de
autoria e responsabilidade da Vale e estão concentrados no complexo Carajás, no
Pará.
IHU On-Line – Por que o entorno das reservas extrativistas é subdesenvolvido?
IHU On-Line – Por que o entorno das reservas extrativistas é subdesenvolvido?
Luiz
Jardim – A primeira razão para os entornos das áreas de mineração serem
pobres (no sentido monetário da palavra) é que a escolha das localidades
das minas não é casualmente definida pela estrutura geológica. Seguindo a linha
dos teóricos da Justiça Ambiental, também acredito que a escolha das áreas de
mineração e dos impactos decorrentes dessa atividade é direcionada
intencionalmente para afetar populações pobres, excluídas e vistas pelos
grupos hegemônicos como subdesenvolvidas e atrasadas. Os impactos sociais e
ambientais são distribuídos desigualmente no espaço e entre as classes, e os
mais pobres são sem dúvida os maiores prejudicados.
A
segunda razão é que os grandes projetos não têm a finalidade de distribuir a
renda mineira. Há uma grande concentração dos lucros para poucos e a
distribuição dos custos sociais e ambientais para os muitos atingidos. As
poucas migalhas direcionadas às populações atingidas por meio dos royalties ou
de programas sociais e ambientais são, em sua maioria, para minimizar os
violentes impactos produzidos pelos próprios empreendimentos. Dessa forma se
perpetua nas regiões mineiras um panorama de pobreza, subdesenvolvimento e
devastação ambiental.
IHU On-Line – Nesse
sentido, como avalia a relação entre as empresas e os moradores do entorno das
regiões exploradas, especialmente na Amazônia?
Luiz
Jardim – A relação entre empresas e população atingida é muito ruim no
Brasil. O tão prometido e esperado desenvolvimento nunca chegou nas regiões de
mineração, muito menos na Amazônia e sua populações excluídas. Mesmo assim,
ainda se acredita que é melhor com ela que sem ela. Os projetos sociais são
paliativos; os impactos e perdas sociais, culturais e ambientais são enormes; e
os conflitos entre empresas e grupos atingidos são frequentes, assim como a
resposta autoritária e violenta da empresa por meio do aparato repressivo do
Estado.
Manifestações sociais
Não
é à toa que com o fim da ditadura militar surgiu uma diversidade de movimentos,
grupos e instituições questionando a atividade mineral e as políticas de
desenvolvimento regional pautadas nessa atividade extrativa. E aumentam, no
mundo e no Brasil, os movimentos de resistência a qualquer empreendimento
mineral, os movimentos “não a mina”, por conta de sua lógica social perversa e ambientalmente
destruidora, majoritariamente contra os mais pobres.
Por
outro lado, as regiões mineradoras são financeiramente reféns das empresas e
estão fadadas à depressão profunda com o fim do minério, já que não há
políticas preventivas quanto ao fim da mineração. Com o fim dessa atividade
comercial muitas localidades se tornam cidades fantasmas, onde só residem as
ruínas, os impactos deixados para trás e a história – vide o caso de Serra do
Navio no Amapá.
IHU On-Line – Que relações estabelece entre a ampliação da mineração na região Norte e os projetos de construção de novas hidrelétricas?
IHU On-Line – Que relações estabelece entre a ampliação da mineração na região Norte e os projetos de construção de novas hidrelétricas?
Luiz
Jardim – A ampliação dos projetos de mineração e hidrelétricos na região
Norte estão imbricados no interior da mesma lógica perversa que quer fazer do
Brasil um país exportador de matéria-prima barata, como minérios e energia, e
que deixa nas regiões somente pobreza e desgraças. Em muitos casos, a energia
das hidrelétricas foi e vem sendo pensada para alimentar as indústrias
produtoras de mercadorias semi-industrializadas para exportação. Um dos
exemplos mais famosos foi a construção de Tucuruí para abastecer de energia
barata e subsidiada a indústria eletrointensiva de alumina em Barcarena,
Alunorte. Esse exemplo se repetiu recentemente com a construção da Hidrelétrica
de Estreito no Maranhão/Tocantins para saciar a demanda de energia
proveniente da expansão da planta industrial de alumina/alumínio da Alcoa em
São Luís-MA, a Alumar.
Existem
outros projetos de instalação de indústrias de transformação mineral na região
Norte, mas eles dependem de novas fontes de energia elétrica – estão aí as
novas hidroelétricas – e de um preço favorável no mercado internacional para
venda de matéria-prima. A relação entre mineração e energia elétrica é tão
estreita que muitas mineradoras participam dos consórcios das novas usinas da
Amazônia, financiando as futuras fontes de energia barata.
IHU On-Line – Nos
últimos dias a imprensa tem divulgados notícias sobre a “corrida do ouro” no
Pará, e da possível atuação da Belo Sun Mining na região. Como avalia a atuação
internacional no território brasileiro? O que essa “corrida pelo ouro”
significa e quais as implicações disso para o Brasil?
Luiz
Jardim – As notícias de que estamos vivendo, no Pará e na Amazônia como um
todo, uma espécie de corrida pelo ouro me deixa muito preocupado. Isso
porque ela tem uma repercussão social bastante significativa numa região
onde o imaginário do ouro como possibilidade de ascensão social ainda é muito
vivo. Há menos de 30 anos tínhamos áreas de grande concentração de pessoas em
busca de ouro tais como Serra Pelada, Itaituba, rio Madeira, Roraima etc. Essas
áreas nunca deixaram de ter um pequeno garimpo ou até mesmo uma exploração
ilegal ou informal de médio porte, mesmo em períodos de baixa no preço.
Hoje
o que se vê é muito mais o avanço de novos capitais para as antigas áreas de
ouro, seja por novos investidores, seja pelo próprio retorno proveniente da
alta do preço, que é reinvestido na atividade, e não uma corrida aos moldes
antigos. Sem dúvida estão aumentando o número de minerações ilegais em terras
indígenas e unidades de conservação, e as áreas tradicionalmente produtoras
também estão mais dinâmicas e com maior circulação de capital, pessoas e
mercadorias. Mas tem que se guardar as devidas proporções e não podemos
confundir com o que aconteceu nos anos 1980. O ouro “fácil” de outrora não
existe mais, e para se extrair o ouro é necessário investir altos valores em
dinheiro para custear as máquinas e os insumos. Essas áreas estão repletas de
retroescavadeiras que substituíram grande parte da mão de obra, fazendo em 40
horas o que os homens levavam 40 dias. Portanto, trata-se mais de um aumento da
produção produzido por uma maior quantidade de capital e investimento na
atividade aurífera do que uma corrida descoordenada de pessoas em busca
do el dorado.
Aos
poucos também estão aparecendo novos projetos de mineração de ouro de médio e
grande porte na Amazônia, mas ainda com pouca expressão no contexto geral da
mineração. Pode-se citar o projeto de Serra Pelada da canadense Colossus, ou da
empresa Jaguar,
também do Canadá, em Itaituba, e agora da Belo Sun Mining no Xingu. Todos
essas empresas são de pequeno porte e têm pouca expressão no mercado
internacional de mineração. Algumas são inclusive conhecidas como empresas
júnior por seu tamanho e valor de mercado em bolsa. Elas sempre existiram na
Amazônia, promovendo pesquisas por todas as regiões auríferas. Agora, porém,
suas reservas se tornaram viáveis e lucrativas em decorrência do alto valor do
ouro no mercado internacional, principalmente após a crise de 2008. Novas
pesquisas continuam sendo desenvolvidas para encontrar jazidas com condições de
exploração em momentos de mercado favorável, mas nenhuma nova Serra Pelada foi
encontrada.
IHU On-Line – Como
compreender a permissividade do Estado brasileiro em relação às transnacionais
da mineração?
Luiz
Jardim – Não sou da linha dos que acreditam que uma empresa transnacional
é mais maléfica do que uma empresa nacional. O que faz uma empresa melhor ou pior
é a lógica de exploração e o sistema regulatório pela qual ela é regida, e
estes não variam de empresa para empresa. Atualmente a maior ameaça para os
grupos atingidos ou ameaçados por mineração no Brasil chama-se Companhia Vale do Rio Doce.
O movimento dos Atingidos pela Vale vem se fortalecendo e criando maneiras
criativas de confrontar essa grande transnacional brasileira que produz muitos
impactos no Brasil e no mundo. No ano passado, o movimento conseguiu eleger a
Vale a pior empresa do mundo pelo Public
Eyes People’s. Enquanto isso a Vale tenta limpar sua imagem
investindo intensamente em propaganda, o que para uma mineradora é praticamente
impensável.
As
outras empresas, incluindo transnacionais, não são menos agressivas do que a
Vale, mas a proporção de atuação delas no Brasil é bem mais módica. Tendo em
vista que não é a empresa A ou B o problema da permissividade do Estado
Brasileiro na atividade mineral, mas sim perversidade do modelo
minero-exportador impactante – voltado para o interesse de lucratividade das
grandes corporações e de consumo dos mercados internacionais tradicionais ou
emergentes, e não para atender aos interesses nacionais –, o que precisamos
pensar é uma mudança do modelo e sua lógica de exploração. Com certeza essa
mudança pressupõe a quebra de paradigmas em busca de outra sociedade menos
materialmente consumista, socialmente excludente e ambientalmente devastadora.
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
Luiz
Jardim – Vivemos uma fase importante no mundo e em especial nas periferias
minero-exportadoras, quando muitos países, independentemente das tendências de
governo, vêm revendo suas legislações que regulam as formas de apropriação e
controle dos bens minerais por meio dos códigos minerais nacionais. Esse
momento deveria ser de amplo e democrático debate para se decidir coletivamente
sobre os rumos e interesses sobre o território nacional e seus recursos
minerais, enquanto a necessidade de extração e a velocidade de sua exaustão dos
recursos. Porém, como bem apresentou Bruno Milanez, o Novo Marco
regulatório no Brasil vem sendo discutido apenas junto dos que são
considerados os únicos interessados: as empresas mineradoras. Ao que tudo
indica, a lógica por de trás da nova regulação não deverá mudar. Pelo
contrário, ela vem para acentuar ainda mais a exploração dos recursos minerais,
aproveitando o momento favorável para realização dos lucros. Novas áreas, com
as áreas indígenas, serão disponibilizadas para o capital minerador, que poderá
potencializar a atividade espacialmente. Em contrapartida os governos cobraram
e arrecadaram mais royalties, que tão pouco estão sendo debatidos em sua
finalidade e importância. Trata-se de um momento ímpar que está sendo utilizado
para favorecer alguns pares, deixando o resto do povo a ver navios e trens de
minérios para exportação.
Do IHU
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