terça-feira, 30 de outubro de 2012

Representantes dos índios guarani-kaiowá se reúnem com vice-procuradora-geral da República

Brasília - Índios guarani kaiowá, obrigados pela Justiça Federal a desocupar as terras que moram no município de Iguatemi, em Mato Grosso do Sul, são recebidos na PGR pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat. Foto de Valter Campanato/ABr
Brasília – Índios guarani kaiowá, obrigados pela Justiça Federal a desocupar as terras que moram no município de Iguatemi, em Mato Grosso do Sul, são recebidos na PGR pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat. Foto de Valter Campanato/ABr

Durante a reunião, os índios entregaram uma carta ao MPF e afirmaram que não há a intenção de suicídio coletivo

A vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, também coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, que trata de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais, recebeu nesta segunda-feira, 29 de outubro, seis representantes dos índios guarani-kaiowá. A reunião foi para tratar da situação da etnia, em Mato Grosso do Sul. Uma decisão da Justiça Federal de Naviraí (MS) determinou a desocupação da área habitada pelos indígenas em Pyelito Kue/Mbarakay, em Iguatemi, e a manutenção de posse da fazenda Cambará. Também estiveram presentes à reunião as subprocuradoras-gerais da República Gilda Carvalho e Raquel Dodge e o procurador da República em Mato Grosso do Sul Marco Antonio Delfino.
Durante a reunião, os índios entregaram uma carta ao Ministério Público Federal explicando a situação deles e afirmando que “a comunidade tem uma decisão que não vai sair nem por bem e nem por mal. Vamos lutar pela nossa terra até o último guerreiro”. Os guarani-kaiowá também relataram que houve um suicídio e um estupro no local.
A vice-procuradora-geral da República afirmou que é preciso definir se os índios têm ou não direito à terra. “É preciso que os estudos sejam concluídos. Eles não podem viver nessa situação de suspensão, de insegurança”, explicou. Deborah Duprat também destacou que a situação é bastante complicada e que o Ministério Público Federal já vem atuando na questão com diversas ações.
Para a vice-PGR, “há uma reação enorme do setor dito produtivo de Mato Grosso do Sul, algo semelhante ao que aconteceu em Roraima há um tempo atrás. Chega a ensejar quase que um racismo institucional, o Estado colocando suas instituições contra os índios.”
Otoniel Iandeva, membro do Conselho Continental da Nação Guarani, comentou que eles querem resolver a questão da demarcação de terra. Segundo ele, “o estado hoje não respeita nossos direitos, o estado não considera que somos cidadãos, seres humanos”. Ele ressaltou que não há a intenção de suicídio coletivo da etnia. Otoniel também destacou que um dos aliados da etnia é o Ministério Público Federal, que “qualquer coisa acompanha”.
Recurso – No dia 16 de outubro, o Ministério Público Federal em Dourados apresentou recurso no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) para reformar a decisão da Justiça Federal de Naviraí que determinou a saída dos índios. O MPF pede a permanência da comunidade guarani-kaiowá na área até que sejam concluídos os estudos antropológicos aptos a determinarem a tradicionalidade da ocupação.
O procurador da República Marco Antonio Delfino, autor do recurso, explicou que “esse cenário é de extrema gravidade”. Segundo ele, “o estado demora em reconhecer o direito a esses territórios e igualmente a Justiça, ainda que de forma provisória, demora em reconhecer o direito dessas comunidades a seus territórios tradicionais”.
De acordo com nota técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai) publicada em março deste ano, a área reivindicada pelos indígenas como Pyelito Kue e Mbarakay é ocupada desde tempos ancestrais pelas etnias guarani e kaiowá.
O Ministério Público Federal, órgão constitucionalmente responsável pela defesa dos interesses dos povos indígenas – atua em 141 processos que envolvem as etnia guarani e kaiowá . São ações relativas à demarcação de terras, a danos morais coletivos, crimes contra a vida, racismo e até genocídio. As ações judiciais tramitam na Justiça Federal de Dourados, Naviraí e Ponta Porã.

Fonte: Procuradoria Geral da República

Um comentário:

  1. Participei de uma manifestação no último domingo, no Rio e filmei uma índia que vive na aldeia maracanã (ameaçada de sair de lá já que o Sr. governador que derrubar o prédio para construir "melhorias" para a copa de 2014) fazendo um discurso emocionado e esclarecedor. De início ela fala em tupi-guarani mas depois continua em português. Me levou e levou mais alguns lá às lágrimas. www.youtube.com/watch?v=h8HBMhNNHaw

    e um video da manifestação www.youtube.com/watch?v=pu7VNsbdhPY

    Se puder divulgar...

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