O Tribunal Regional Federal da 3ª Região
(SP e MS) cassou nesta terça-feira (30) liminar (decisão provisória) de um juiz
federal de Naviraí (MS) que determinava a desocupação pelos índios
guarani-kaiowá de área na Fazenda Cambará, em Iguatemi, a 466 km de Campo
Grande.
O ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), e Maria do Rosário (Direitos Humanos) em reunião com índios guarani-kaiowá em Brasília (Foto: Nathalia Passarinho / G1) |
A informação foi anunciada pelo ministro da Justiça, Eduardo
Cardozo, em reunião com membros da etnia na Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência. Cardozo informou ainda que determinou o envio de reforço da
Polícia Federal e da Força Nacional para evitar que a tensão entre indígenas e
produtores rurais provoque violência.
"Estamos enviando um reforço de pessoas e viaturas da
Força Nacional. A Polícia Federal também vai reforçar policiamento na área. Não
vamos informar o efetivo por questões de segurança, mas é o suficiente para
garantir paz", afirmou Cardozo.
Pela nova decisão, os índios devem permanecer no local até
que sejam terminados os procedimentos administrativos de demarcação das terras.
Eles não poderão impedir a circulação de pessoas no local nem ampliar a terra
hoje ocupada, de 10 mil metros quadrados. Também não poderão desmatar áreas
verdes nem caçar os animais da fazenda.
A área ocupada pela a comunidade de Pyelito Kue, localizada
no sul do Mato Grosso do Sul, é de reserva nativa, que não pode ser explorada
economicamente. Os índios atravessaram o rio e foram para a propriedade rural
em novembro do ano passado, três meses depois de terem o acampamento onde
moravam ser destruído em um ataque no dia 23 de agosto de 2011 (entenda
o caso).
No dia 17 de setembro deste ano, a Justiça Federal de
Naviraí determinou a saída dos índios do local deferindo pedido de
desapropriação feito pelo proprietário das terras, o produtor rural Osmar
Bonamigo.
Por conta da decisão os índios chegaram a divulgar uma carta
em que diziam que iriam resistir até a morte na ocupação da terra caso
tentassem retirá-los. O líder dos guarani-kaiwoá Solano Lopes, que participou
da reunião na Secretaria de Direitos Humanos, esclareceu que o texto não
significa que haverá suicídio coletivo, mas que os indígenas lutarão "até
o último guerreiro" pela permanência na propriedade.
"A comunidade tem uma decisão de não sair nem por bem
nem por mal. Vamos lutar por essa terra até o último guerreiro. Não vamos matar
uns aos outros, mas vamos morrer pela nossa terra", afirmou.
Solano Lopes argumentou ainda que a propriedade em Iguatemi
é dos indígenas há dezenas de anos. "
Demarcação
De acordo com o ministro Eduardo Cardozo, o estudo etnológico da Funai, para averiguar se a terra é indígena, já foi concluído. "Só falta o levantamento fundiário, que deve ser concluído em 30 dias", afirmou.
De acordo com o ministro Eduardo Cardozo, o estudo etnológico da Funai, para averiguar se a terra é indígena, já foi concluído. "Só falta o levantamento fundiário, que deve ser concluído em 30 dias", afirmou.
A decisão definitiva sobre o direito à propriedade, contudo,
não tem prazo para ocorrer, já que a demarcação pode ser contestada
judicialmente pelo estado, município e pelos produtores rurais.
A ministra Maria do Rosário também criticou a demora do
Judiciário, especialmente do Supremo Tribunal Federal, para decidir sobre
recursos contra demarcações de terras indígenas no país. "A morosidade na
votação de matérias que dizem respeito a terras indígenas no STF intensifica a
tensão na região. Vamos procurar os ministros para tratar das ações que
tramitam lá", disse.
'Satisfeito pela metade'
Após anúncio, o guarani Otoniel Nhandherou, liderança indígena, chorou e disse estar "satisfeito pela metade". "Não quero mais meu povo morrendo por causa dessa terra. Eu vou ficar feliz totalmente quando toda essa área for demarcada. Quando morrer vai ser de olho aberto para mostrar minha angústia", disse.
'Satisfeito pela metade'
Após anúncio, o guarani Otoniel Nhandherou, liderança indígena, chorou e disse estar "satisfeito pela metade". "Não quero mais meu povo morrendo por causa dessa terra. Eu vou ficar feliz totalmente quando toda essa área for demarcada. Quando morrer vai ser de olho aberto para mostrar minha angústia", disse.
Já o cacique guarani Solano Lopes pediu cópia da decisão
para comprovar que eles poderão, de fato, permanecer na propriedade até a
demarcação.
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do
Rosário, disse que o governo vai agilizar os procedimentos necessários à
demarcação.
Do G1
A Luta agora é garantir a demarcaçao das terras sagradas do Povo Guarani Kaiowá. Precisamos estar atentos pois os latifundiários e seus pistoleiros (armados ou com carteirinha da OAB) não vão dá trégua para nossos parentes. Não podemos baixar a guarda e nem achar que a vitória está consolidada.
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